Em Mídia e Cultura Popular (Paulus), o professor e pesquisador José Marques de Melo reúne textos que escreveu nos últimos 40 anos sobre o tema, como contribuição e esclarecimento sobre o que é verdadeiramente a folkcomunicação.

O interesse pelo estudo dos fenômenos comunicacionais situados na confluência da indústria midiática e da cultura popular constitui a principal motivação do livro, uma vez que há uma demanda por parte dos novos profissionais da mídia, dos agentes de políticas públicas e das lideranças atuantes nos movimentos sociais pelo assunto.

A obra, formatada em dez capítulos, sintetiza o progresso da folkcomunicação como disciplina acadêmica, classificando e definindo seus principais objetos de estudo, mapeando as alternativas metodológicas testadas e validadas. Também apresenta um panorama do desenvolvimento dos gêneros e formatos, como vêm sendo pesquisados tais objetos, quem são os ícones emblemáticos do campo e para onde caminham os estudos em fase de construção.

Como se trata de um caleidoscópio, estruturado a partir de anotações que o autor vem fazendo há vários anos, foi inevitável a repetição de fatos ou a reiteração de argumentos que se encontram explícitos nos capítulos introdutórios, mas voltam a aparecer mais adiante. Trata-se de um artifício pedagógico, a que o autor utiliza em benefício da compreensão contextual dos acontecimentos que dão sentido ao processo histórico.

O autor lembra, que quando Luiz Beltrão esboçou as matrizes da teoria folkcomunicacional, talvez não tivesse consciência da importância desse tipo de estudo para elucidar a natureza contraditória da sociedade globalizada que emerge do conflito de civilizações hoje evidente. Sua modéstia intelectual representou uma barreira para que as teses por ele defendidas conquistassem a agora estudos mundiais. Também é forçoso reconhecer que a conjuntura não lhe era favorável, como produtor de conhecimento inovativo numa sociedade periférica, acomodada às contingências geopolíticas que conduzem ao isolamento acadêmico e alimentam o ancestral complexo do colonizado. “Minha esperança é a de que este livro contribua para ampliar o contingente dos que se interessam pelo estudo da folkcomunicação, enriquecendo o conhecimento sistemático de suas manifestações típicas, que se renovam continuamente, como conseqüência do embate dialético entre tradição e modernidade, popular e erudito, massivo e segmentado”, afirma Marques de Melo.

Ao inventariar o pensamento folkomunicacional e descortinar suas tendências recentes, o autor consolida em Mídia e Cultura Popular os fragmentos de suas anotações como observador participante ou pelos recortes de suas próprias intervenções no terreno empírico, movendo sem dúvida nenhuma a intenção de ampliar a difusão do legado beltraniano além das fronteiras. De posse deste referencial, os leitores poderão com a obra realizar uma empreitada, a um só tempo edificante, utópica e sedutora.

José Marques de Melo é doutor em Ciências da Comunicação e Livre-Docente em Jornalismo (ECA/USP), Pós-doutorado em Wisconsin (EUA) e Espanha (Madri), Catedrático de Comunicação. Presidente da Intercom, ex-presidente da UCBC, ALAIC e vice-presidente da IAMCR. Prêmio Wayne Danielson 1997 de Ciências da Comunicação, concedido pela Universidade do Texas (EUA). Professor Emérito da Escola de Comunicação e Artes (USP) e atual diretor da Cátedra UNESCO de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).

Serviço
Mídia e Cultura Popular
Autor: José Marques de Melo
Formato: 13,5 x 21; 240 páginas; R$ 25,00
Classificação: Comunicação de Massa / Comunicação e Cultura / Comunicação e Literatura Popular
À venda nas principais livrarias do país.

Informações
William Lara
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